O rei se cerca da corte,
ignora o murmurinho das ruas
como informes desimportantes
que recebe em seu castelo.
Perdido em suas pequenas intrigas,
preocupado com seu vinho francês,
não vê o arraste a se consumar,
a pólvora a explodir em sua barba.
Quando sente o cheiro da plebe
desespera-se, ordena execuções,
imprime decretos sem fim,
acusa conspirações pelas esquinas.
Não entende a onda que cresce
e invade por todos os lados
daqueles que trazem a conta
por tantos anos de exploração.
Essa onda que cobrirá tudo
com sua força estrondosa,
inundará o povoado e de onde
não mais sobrarão reis
Antunes, 2017.